Berliner Boersenzeitung - Fentanil, a armadilha mortal que se espalha pela fronteira México-EUA

EUR -
AED 4.258168
AFN 81.74056
ALL 99.006564
AMD 447.650135
ANG 2.07502
AOA 1063.237455
ARS 1358.329122
AUD 1.790088
AWG 2.089951
AZN 1.970459
BAM 1.976871
BBD 2.339334
BDT 141.700345
BGN 1.957018
BHD 0.437122
BIF 3408.852114
BMD 1.159474
BND 1.498491
BOB 8.034744
BRL 6.372234
BSD 1.15865
BTN 100.500507
BWP 15.668206
BYN 3.791663
BYR 22725.68076
BZD 2.327337
CAD 1.592009
CDF 3335.804852
CHF 0.94264
CLF 0.028655
CLP 1099.633075
CNY 8.324436
CNH 8.320446
COP 4735.289807
CRC 585.346621
CUC 1.159474
CUP 30.726048
CVE 110.874726
CZK 24.831283
DJF 206.061533
DKK 7.459658
DOP 68.930861
DZD 150.883945
EGP 58.767911
ERN 17.392103
ETB 156.036569
FJD 2.613223
FKP 0.86089
GBP 0.856167
GEL 3.154082
GGP 0.86089
GHS 11.940547
GIP 0.86089
GMD 82.900787
GNF 10035.242854
GTQ 8.914012
GYD 242.396776
HKD 9.101606
HNL 30.259528
HRK 7.53043
HTG 152.070882
HUF 402.872993
IDR 19058.84579
ILS 4.022886
IMP 0.86089
INR 100.126045
IQD 1518.910296
IRR 48842.821288
ISK 142.394621
JEP 0.86089
JMD 184.688544
JOD 0.822103
JPY 169.174162
KES 150.157781
KGS 101.353755
KHR 4661.083365
KMF 495.673498
KPW 1043.52571
KRW 1583.092953
KWD 0.354602
KYD 0.965504
KZT 605.158041
LAK 25021.438416
LBP 103888.826341
LKR 348.628947
LRD 231.548919
LSL 20.858693
LTL 3.423624
LVL 0.701354
LYD 6.301758
MAD 10.591802
MDL 19.905424
MGA 5150.969399
MKD 61.510518
MMK 2434.618936
MNT 4154.502832
MOP 9.368477
MRU 46.053993
MUR 53.057266
MVR 17.861646
MWK 2012.846179
MXN 22.123897
MYR 4.939229
MZN 74.15966
NAD 20.858623
NGN 1797.775018
NIO 42.634429
NOK 11.687244
NPR 160.801014
NZD 1.934309
OMR 0.445813
PAB 1.158564
PEN 4.175302
PGK 4.773884
PHP 66.29981
PKR 328.884626
PLN 4.275034
PYG 9247.567268
QAR 4.221061
RON 5.046487
RSD 117.245917
RUB 91.017138
RWF 1660.9458
SAR 4.350337
SBD 9.670506
SCR 16.416455
SDG 696.267764
SEK 11.111931
SGD 1.487599
SHP 0.911164
SLE 26.030051
SLL 24313.583978
SOS 662.633618
SRD 45.035134
STD 23998.760651
SVC 10.138059
SYP 15075.334356
SZL 20.858675
THB 38.026669
TJS 11.441298
TMT 4.058157
TND 3.389431
TOP 2.715603
TRY 46.001766
TTD 7.874029
TWD 34.423613
TZS 3124.78103
UAH 48.554024
UGX 4180.559429
USD 1.159474
UYU 47.364849
UZS 14479.331196
VES 120.129363
VND 30395.598016
VUV 139.028787
WST 3.198535
XAF 663.03266
XAG 0.032318
XAU 0.000347
XCD 3.133535
XDR 0.823229
XOF 661.48856
XPF 119.331742
YER 281.34578
ZAR 20.677702
ZMK 10436.654585
ZMW 26.920284
ZWL 373.349997
Fentanil, a armadilha mortal que se espalha pela fronteira México-EUA
Fentanil, a armadilha mortal que se espalha pela fronteira México-EUA / foto: Guillermo Arias - AFP

Fentanil, a armadilha mortal que se espalha pela fronteira México-EUA

Elena prepara sua segunda dose diária de heroína. Ela se injeta há 20 anos. Desde a overdose que quase a matou no ano passado, ela tem medo, porque a droga em Mexicali agora está misturada com fentanil, sem que os usuários saibam.

Tamanho do texto:

A amostra "é positiva para fentanil", confirmaram para ela, após um teste em La Sala, onde os usuários desta cidade mexicana, na fronteira com os Estados Unidos, podem consumir de maneira segura a droga que compram na rua e evitar crises. O teste revela em minutos se a substância está contaminada com esse opioide sintético que se apresenta como uma ameaça global.

Desde 2019, "não há um único teste de heroína que não dê positivo para fentanil", diz Said Slim, coordenador da Verter, a ONG que criou La Sala em 2018 para proteger consumidores de Mexicali em situação vulnerável.

Os registros de 2022 da organização indicam que as overdoses dobraram em um ano. E, ainda pior, afirmam as autoridades, há mortes diárias em Mexicali, cidade de um milhão de habitantes.

- Overdose -

Com um sorriso no rosto dilacerado pela dependência, Elena explica que sua crise ocorreu apesar de ela ter-se injetado com sua dose habitual de heroína.

"Eles colocaram aquele frasco em mim para me trazer de volta porque estava muito forte". Ela se refere à naloxona, um medicamento capaz de reverter a intoxicação por opioides e restrita no México.

Elena, que trabalha como faxineira, reduz sua dose pela metade e quase sempre se injeta em La Sala, uma iniciativa pioneira na América Latina, onde, assim como na Europa, soam os alarmes para as misturas letais e mais viciantes de fentanil.

Elena, 50 anos, injeta-se no lado direito.

"Fiz intramuscular", comenta, explicando que, por via intravenosa, o efeito "é bom, mas acaba mais rápido".

A ONG fornece aos usuários kits de consumo que previnem infecções por hepatite, ou HIV, e monitora sua saúde.

Pessoas em situação de rua, ou profissionais do sexo, chegam ao local, onde são cumprimentadas pelo nome, recebem conselhos de saúde e orientações sobre abusos de autoridade.

“Eles ainda me fazem sentir que sou um ser humano”, diz Ricardo, cansado, mas sereno. Ele consome heroína há 26 anos e também quase morreu por fentanil.

“Quando surgiu a mudança da heroína — digamos, original — para (a mistura com) fentanil, sofri uma overdose da qual, pela graça de Deus, estou aqui”, lembra.

A adaptação foi "muito difícil" para Ricardo, de 59 anos, que baixou a dose para meio grama por dia. O fentanil “anestesia você e te deixa praticamente dormindo”, descreve o homem, que vende doces na rua.

"As pessoas não são burras (...) percebem quando alguém está sob a influência", acrescentou.

Mexicali sofre o golpe da crise dos opioides sintéticos nos Estados Unidos, onde mais de 70.000 pessoas morreram desde agosto intoxicadas por essas substâncias, principalmente o fentanil.

Washington aponta os cartéis mexicanos como preponderantes na produção e no tráfico de opioides, e o tema domina a agenda binacional.

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, nega, contudo, que seja produzido no México e garante que é importado da China. Na sequência, os cartéis fabricam pílulas fáceis de traficar por seu tamanho.

Os criminosos também costumam misturar fentanil com metanfetamina e cocaína.

- Antídoto -

O vice-diretor de Polícia e Trânsito de Mexicali, Carlos Romero, conta que, diariamente, esta unidade atende entre três e seis mortes de indivíduos suspeitos de serem adictos, que, em geral, ignoravam a mistura.

“Muitas são overdoses (...), a presença do fentanil tem crescido muito na cidade”, observa.

Algumas ocorrem na rua, outras em “picadeiros”, como são conhecidos os locais de consumo clandestino. Também acontecem nas residências, acrescenta Romero, descartando que o problema seja exclusivo dos setores marginais.

Julio Buenrostro, coordenador da Cruz Vermelha, afirma que as overdoses representam até 25% das emergências atendidas. Com a naloxona, porém, "conseguimos salvar um monte de vidas".

Sem acesso regular ao medicamento, paramédicos, bombeiros e até policiais recorrem a Verter, que consegue doações procedentes dos Estados Unidos.

“Se não tivéssemos naloxona, um paciente demoraria mais para sair” da crise, explica Gloria Puente, técnica de emergência da Cruz Vermelha, que pede apoio ao governo.

López Obrador critica que os Estados Unidos autorizem sua venda livre para frear a mortalidade, argumentando que a medida não vai "ao fundo do problema", e analisa a proibição do fentanil como analgésico.

Ricardo adverte sobre esse perigo. “Vivi na pele", diz este homem que percorre as ruas apoiado em um andador, no qual carrega seus pertences, seguido por seus dois cães.

(G.Gruner--BBZ)