Berliner Boersenzeitung - Família venezuelana despedaçada pelas deportações de Trump para El Salvador

EUR -
AED 4.321861
AFN 81.200765
ALL 97.616692
AMD 452.43926
ANG 2.106058
AOA 1079.140893
ARS 1449.265402
AUD 1.789699
AWG 2.121212
AZN 2.00124
BAM 1.951798
BBD 2.376427
BDT 144.383923
BGN 1.957717
BHD 0.443659
BIF 3459.841359
BMD 1.176817
BND 1.498627
BOB 8.133322
BRL 6.365518
BSD 1.176986
BTN 100.353213
BWP 15.548117
BYN 3.851801
BYR 23065.609063
BZD 2.364252
CAD 1.59757
CDF 3395.116416
CHF 0.934775
CLF 0.028452
CLP 1091.838782
CNY 8.43236
CNH 8.437176
COP 4695.498988
CRC 594.181556
CUC 1.176817
CUP 31.185645
CVE 110.473663
CZK 24.631924
DJF 209.143853
DKK 7.461118
DOP 70.432185
DZD 152.34005
EGP 58.082088
ERN 17.652252
ETB 159.399244
FJD 2.630423
FKP 0.863906
GBP 0.861295
GEL 3.200863
GGP 0.863906
GHS 12.179656
GIP 0.863906
GMD 84.144119
GNF 10186.525934
GTQ 9.049443
GYD 246.245044
HKD 9.236117
HNL 30.808946
HRK 7.534924
HTG 154.54309
HUF 398.787318
IDR 19097.382851
ILS 3.917156
IMP 0.863906
INR 100.505565
IQD 1541.629994
IRR 49573.407255
ISK 142.383193
JEP 0.863906
JMD 188.034412
JOD 0.834402
JPY 170.30184
KES 152.400959
KGS 102.91226
KHR 4731.980293
KMF 491.909358
KPW 1059.166398
KRW 1603.871873
KWD 0.359284
KYD 0.980889
KZT 611.565907
LAK 25366.285986
LBP 105442.784641
LKR 353.105912
LRD 235.952961
LSL 20.676409
LTL 3.474834
LVL 0.711845
LYD 6.330676
MAD 10.563401
MDL 19.820356
MGA 5219.182352
MKD 61.518559
MMK 2470.381248
MNT 4219.220358
MOP 9.516086
MRU 46.727589
MUR 52.803666
MVR 18.123811
MWK 2043.545394
MXN 21.949093
MYR 4.969106
MZN 75.269392
NAD 20.676656
NGN 1805.837446
NIO 43.247927
NOK 11.831439
NPR 160.564742
NZD 1.936239
OMR 0.452489
PAB 1.176986
PEN 4.184747
PGK 4.936724
PHP 66.426624
PKR 334.156977
PLN 4.2421
PYG 9383.757423
QAR 4.284319
RON 5.058313
RSD 117.150945
RUB 93.057992
RWF 1687.555275
SAR 4.413225
SBD 9.811033
SCR 16.585264
SDG 706.684128
SEK 11.264375
SGD 1.499447
SHP 0.924793
SLE 26.41966
SLL 24677.263968
SOS 672.554902
SRD 43.759929
STD 24357.731547
SVC 10.298881
SYP 15300.713136
SZL 20.676759
THB 38.168889
TJS 11.410901
TMT 4.130627
TND 3.398057
TOP 2.756221
TRY 46.863869
TTD 7.974647
TWD 34.047784
TZS 3096.839276
UAH 49.144922
UGX 4222.341557
USD 1.176817
UYU 47.153306
UZS 14833.775534
VES 128.830248
VND 30832.59987
VUV 139.981303
WST 3.061526
XAF 654.61463
XAG 0.032006
XAU 0.000354
XCD 3.180406
XDR 0.813634
XOF 654.900069
XPF 119.331742
YER 284.966467
ZAR 20.612676
ZMK 10592.766693
ZMW 28.394773
ZWL 378.934526
Família venezuelana despedaçada pelas deportações de Trump para El Salvador
Família venezuelana despedaçada pelas deportações de Trump para El Salvador / foto: kena Betancur - AFP

Família venezuelana despedaçada pelas deportações de Trump para El Salvador

A família de Mercedes Yamarte foi despedaçada pelas deportações ordenadas por Donald Trump. Seus três filhos foram para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor. Agora, um está preso em El Salvador, outro foi deportado para o México e o terceiro vive com medo, escondido.

Tamanho do texto:

Em um bairro de ruas de areia em Maracaibo, a nove horas de carro de Caracas, mora Mercedes, em uma pequena casa com telhado de zinco, onde a tristeza toma conta.

Seu filho mais velho, Mervin José Yamarte Fernández, de 30 anos, foi detido em 13 de março no Texas, deportado para El Salvador e preso em uma mega prisão para membros de gangues.

Mercedes mostra uma foto de todos os seus filhos no celular, capturada em uma chamada de vídeo no Natal passado.

"Queria dormir, acordar e ver que isso nunca aconteceu", disse chorando esta mãe de 46 anos que mora em Los Pescadores, um bairro às margens do Lago Maracaibo, onde nem a bonança do petróleo nem o investimento do governo chegaram.

Mervin, casado e com uma filha de seis anos, é um dos 252 migrantes venezuelanos deportados em 15 de março para El Savador pela administração de Trump com base em uma lei de guerra do século XVIII, e presos sem o devido processo legal com o apoio do governo salvadorenho de Nayib Bukele.

O governo americano vincula os migrantes com o Tren de Aragua, uma gangue declarada como terrorista por Washington.

No entanto, advogados e ativistas denunciam que muitos migrantes foram deportados apenas por terem tatuagens que não tem nada a ver com a quadrilha.

Mervin, que trabalhava no Texas em uma loja de tortilhas e na construção civil, tem uma tatuagem na mão esquerda com o número 99, o número de sua camisa de futebol. Ele também tem o nome de sua mãe, o nome de sua filha e a frase 'Fuerte como mamá' (Forte como mamãe) tatuados em sua mão esquerda.

Junto com seu irmão Jonferson, de 21 anos, Mervin chegou aos EUA em 2023 para trabalhar e enviar dinheiro para sua mãe e sua esposa, após uma travessia a pé pela selva de Darien e depois pelo México. Um ano depois, seu irmão Juan, de 28 anos, e sua irmã Francis, de 19, também partiram em uma jornada, mas ela voltou para o México.

- "Mais sozinho do que nunca" -

Com medo de ser preso como Mervin, Jonferson fugiu para o México, onde esperou um mês para embarcar em um voo humanitário do governo venezuelano e voltar para casa.

"Tem sido um pesadelo", disse ele à AFP por telefone, no ônibus que o levava ao aeroporto. Ele passou por muitas dificuldades e sua mãe teve que lhe enviar dinheiro. "Me sinto mais sozinho do que nunca.

Juan, no entanto, permanece escondido nos EUA e trabalha em uma construção, frequentemente mudando de endereço para evitar ser detido.

"Passo o tempo todo trancado. Quando vou à mercearia, olho para todos os lados, com medo, como se alguém estivesse me perseguindo", diz ele à AFP. Ele não quer mostrar seu rosto para a câmera e pede que seu paradeiro não seja revelado.

O homem se nega a voltar ao seu país "com as mãos vazias". É o único que agora pode ajudar sua mãe, sua esposa e seu filho de sete anos que lhe esperam na Venezuela.

Pensar em seu irmão preso é um tormento. É "uma dor que é difícil (...), ter um familiar querido em uma mega prisão, sendo inocente".

A tristeza de sua mãe e de sua cunhada lhe aflige. "Minha mãe está devastada, tem dias que não consegue dormir" e "minha cunhada chora todos os dias".

Quase oito milhões de venezuelanos deixaram a Venezuela em decorrência da crise política e econômica, de acordo com a agência de refugiados da ONU.

Ao entrar nos EUA, Mervin, Jonferson e Juan solicitaram asilo e puderam permanecer legalmente no país até que um juiz de imigração decidisse seu destino.

Mas o governo deteve e deportou migrantes mesmo com asilo pendente, segundo advogados e ativistas.

No amanhecer de 13 de março, agentes de imigração bateram à porta do apartamento em Irving, Texas, onde Mervin morava com Juan, Jonferson e outros amigos do bairro Los Pescadores.

Os agentes disseram que tinham uma ordem de prisão para um deles, mas quando viram Mervin, lhe disseram: "Você também vem com a gente, para investigação", conta Juan.

Um dos agentes disse à Mervin que também tinha uma ordem de prisão para ele. O homem disse que devia ser um erro e pediu para lhe mostrarem os papéis. "Mas eles já o tinham algemado para levá-lo embora", diz Juan.

No total eles prenderam quatro venezuelanos.

- "Aterrorizante" -

Mervin foi levado para um centro de detenção no Texas e conseguiu ligar para seu irmão mais novo, Jonferson. Não sabia para onde iriam deportá-lo e contou "que o enganaram, fizeram-no assinar alguns papéis que ele não sabia o que eram", de acordo com seu irmão.

Três dias depois, Jonferson viu imagens da chegada dos migrantes que Burkele divulgou. Uma foto mostra Mervin ajoelhado no chão, olhando fixamente para o chão depois de ter seu cabelo raspado.

Ele começou a chorar e avisou a sua mãe, que também viu as imagens.

"Meu filho estava estava ajoelhado e olhando para o céu dizendo 'Onde estou, o que fiz para estar aqui' (...) Foi o olhar mais aterrorizante que já vi nos olhos do meu filho", lembra Mercedes.

No México, Jonferson finalmente conseguiu embarcar no voo humanitário e retornar a Maracaibo.

"Bem-vindo", diz uma placa na porta da casa de sua mãe, ao lado de balões com as cores da bandeira venezuelana.

"Gostaria de estar feliz como deveria, mas meu outro filho também está em El Salvador, não sei em que condições", confessa Mercedes.

Jonferson diz que se sente "grato" apesar do sofrimento, e o rosto de sua mãe se ilumina brevemente. Ela o abraça como se quisesse mantê-lo com ela para sempre.

"Estou muito assustada", diz Mercedes. "Nunca pensei que a ausência de meus filhos me atingiria com tanta força, nunca pensei nessa dor.

(O.Joost--BBZ)