Berliner Boersenzeitung - De Auschwitz ao TikTok, como os jovens aprendem sobre o Holocausto

EUR -
AED 4.140023
AFN 78.900062
ALL 97.738032
AMD 433.320557
ANG 2.017233
AOA 1034.160738
ARS 1280.761724
AUD 1.757352
AWG 2.030275
AZN 1.919384
BAM 1.950001
BBD 2.27324
BDT 137.132176
BGN 1.955162
BHD 0.42498
BIF 3308.742723
BMD 1.127148
BND 1.454455
BOB 7.780035
BRL 6.319808
BSD 1.125852
BTN 96.758246
BWP 15.193478
BYN 3.684443
BYR 22092.099257
BZD 2.261424
CAD 1.562571
CDF 3229.279118
CHF 0.935199
CLF 0.027695
CLP 1062.754206
CNY 8.118287
CNH 8.120047
COP 4705.842571
CRC 572.198312
CUC 1.127148
CUP 29.86942
CVE 109.93805
CZK 24.888595
DJF 200.316769
DKK 7.459128
DOP 66.452374
DZD 149.580432
EGP 56.223723
ERN 16.907219
ETB 152.545508
FJD 2.557104
FKP 0.838357
GBP 0.840097
GEL 3.088051
GGP 0.838357
GHS 13.115704
GIP 0.838357
GMD 81.154414
GNF 9752.995105
GTQ 8.642298
GYD 235.544279
HKD 8.822621
HNL 29.305492
HRK 7.53758
HTG 147.321872
HUF 403.477253
IDR 18442.507002
ILS 4.052942
IMP 0.838357
INR 96.905865
IQD 1474.913684
IRR 47481.106114
ISK 144.804985
JEP 0.838357
JMD 178.907937
JOD 0.799136
JPY 162.540932
KES 145.627876
KGS 98.569225
KHR 4506.697277
KMF 489.710691
KPW 1014.467561
KRW 1558.479228
KWD 0.346102
KYD 0.938189
KZT 570.224183
LAK 24335.30423
LBP 100878.530021
LKR 337.027697
LRD 225.165376
LSL 20.298633
LTL 3.328175
LVL 0.681801
LYD 6.150708
MAD 10.401766
MDL 19.550857
MGA 5059.840075
MKD 61.5298
MMK 2366.845897
MNT 4031.779808
MOP 9.07521
MRU 44.572444
MUR 51.228804
MVR 17.425575
MWK 1952.151107
MXN 21.76263
MYR 4.818554
MZN 72.036044
NAD 20.298633
NGN 1791.871815
NIO 41.426799
NOK 11.499529
NPR 154.810169
NZD 1.909597
OMR 0.433917
PAB 1.125837
PEN 4.140786
PGK 4.615274
PHP 62.849568
PKR 317.490201
PLN 4.252577
PYG 8979.296045
QAR 4.115062
RON 5.06225
RSD 116.872428
RUB 89.806734
RWF 1612.767942
SAR 4.227887
SBD 9.41255
SCR 16.024479
SDG 676.850801
SEK 10.861693
SGD 1.456641
SHP 0.885761
SLE 25.608528
SLL 23635.728576
SOS 643.378065
SRD 41.30969
STD 23329.686267
SVC 9.850705
SYP 14655.306205
SZL 20.295642
THB 37.040297
TJS 11.466545
TMT 3.950653
TND 3.368083
TOP 2.639894
TRY 43.865894
TTD 7.652243
TWD 33.895027
TZS 3040.479738
UAH 46.732719
UGX 4110.774772
USD 1.127148
UYU 46.830728
UZS 14566.67946
VES 106.906063
VND 29279.357977
VUV 136.657713
WST 3.036359
XAF 654.003325
XAG 0.034039
XAU 0.000342
XCD 3.046174
XDR 0.811776
XOF 654.012003
XPF 119.331742
YER 274.85529
ZAR 20.292267
ZMK 10145.684059
ZMW 30.708356
ZWL 362.941171
De Auschwitz ao TikTok, como os jovens aprendem sobre o Holocausto
De Auschwitz ao TikTok, como os jovens aprendem sobre o Holocausto / foto: Wojtek RADWANSKI - AFP/Arquivos

De Auschwitz ao TikTok, como os jovens aprendem sobre o Holocausto

Era uma adolescente como eles. "Cheguei aqui em 2 de setembro de 1943", começa a contar no campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau a sobrevivente francesa Esther Senot para estudantes do ensino médio. Um testemunho em primeira pessoa que, em breve, não será mais possível.

Tamanho do texto:

Nesta noite gélida de dezembro, cerca de cem jovens ouvem a ex-deportada que, aos quase 97 anos, ainda fez questão de viajar para explicar o horror de Auschwitz, 80 anos após sua libertação pelo Exército Vermelho em 27 de janeiro de 1945.

"Dormíamos 18 pessoas por cama. Por volta das cinco da manhã, a chefe do bloco nos fazia sair à força, batendo com um bastão. Tirávamos os que morreram durante a noite para contá-los...".

"Eu tinha uma ideia fixa: não posso morrer aos 15 anos", continua, relatando como reencontrou sua irmã de 17 anos no campo, tão desnutrida que ela mal a reconheceu. "Ela me disse: 'Eu não vou viver muito tempo. Você é jovem, prometa-me que, se voltar, contará nossa história, para que não sejamos esquecidas pela História.'"

Construído na Polônia ocupada, Auschwitz-Birkenau é o símbolo do genocídio perpetrado pela Alemanha nazista, que resultou na morte de seis milhões de judeus, incluindo cerca de um milhão assassinados no campo entre 1940 e 1945.

Para os adolescentes, que viram as malas, utensílios e cabelos que os deportados tiveram que abandonar antes de sua execução, os barracões cercados por arame farpado, as câmaras de gás e o crematório, o impacto foi direto.

"Nos falaram dos números nas aulas, mas, aqui, percebemos o que as pessoas realmente viveram", explica Charlotte, de 16 anos, aluna do colégio Saint Jean Hulst, em Versalhes, próximo a Paris, onde os 15 alunos que participaram da viagem compartilharam suas impressões uma semana depois.

"Como nasci em 2008, eu não achava que teria a oportunidade de ouvir uma sobrevivente. Fui tocado pelas roupas, pelas malas... Isso deu uma dimensão física ao que eu considerava apenas fatos históricos", acrescenta Raphaël, de 16 anos.

O trabalho de preparação foi longo, acontecendo todas as quintas-feiras pela manhã: "Não podemos simplesmente levá-los, é preciso prepará-los", explica Camille de Hillerin, responsável pedagógica pelas viagens a Auschwitz.

Foram feitas leituras, visita à sinagoga e ao Memorial do Holocausto em Paris, apresentação de testemunhos em vídeo e aulas sobre o crescimento do antissemitismo na Europa. "Focamos nosso trabalho na transmissão dos testemunhos e na ideia de fraternidade, que foi destruída pelos campos", acrescenta ela.

Antes de sair do barracão escuro, Esther Senot exortou os jovens ao seu redor: "Se nós, na nossa idade, dedicamos tempo para alertá-los, é na esperança de que isso não se repita."

- "Testemunhas das testemunhas" -

Esse é o propósito de levar os jovens hoje a Auschwitz, explica Haïm Korsia, grande rabino da França – país que abriga a maior comunidade judaica da Europa –, que organiza essas viagens da memória há mais de 20 anos: "Eles se tornam testemunhas das testemunhas."

Mas, em breve, os últimos sobreviventes desaparecerão. Em dezembro, Henri Borlant, único sobrevivente entre as 6 mil crianças judias da França deportadas para Auschwitz em 1942, faleceu aos 97 anos. Claude Bloch, último sobrevivente de Auschwitz em Lyon, faleceu em janeiro de 2024 aos 95 anos.

"Precisamos refletir sobre uma forma de continuar transmitindo toda essa história às gerações mais jovens, que possuem uma forma diferente de ouvir", avalia Alexandre Borycki, presidente da associação "Mémoire du Convoi 6 et des camps du Loiret" ("Memória do Comboio 6 e dos campos do Loiret"). Para os jovens do século XXI, o Holocausto "se torna História, como a Antiguidade."

Para envolver os jovens, ele lançou, em 2021, um projeto de "pesquisadores da memória" com turmas de estudantes do ensino médio. O objetivo é encontrar, a partir apenas de um nome, sobrenome e data de nascimento, o máximo de informações sobre pessoas internadas ou deportadas pela estação de Pithiviers.

A partir daí, os alunos "realizam uma espécie de investigação policial", pesquisando em arquivos, fazendo ligações telefônicas...

Milhares de judeus, detidos em Paris durante a batida policial do Vel'd'Hiv em julho de 1942, foram internados na estação de Pithiviers, de onde foram enviados em seis comboios para Auschwitz. A maioria não voltou.

- "Apagar todos os vestígios" -

O projeto permite enriquecer arquivos incompletos – sobre o comboio 6, pelo qual 928 pessoas foram deportadas, "temos uma biografia para apenas 350 a 400 deportados", explica Borycki.

Mas também possibilita compreender concretamente o caráter exterminador do Holocausto. Às vezes, "eles não encontram quase nada. Dizemos: 'Vocês entendem o que os nazistas queriam fazer ao tentar apagar todos os vestígios dessas pessoas?'"

Foi esse o desafio enfrentado pelos alunos do ensino médio de Boulogne-Billancourt, no subúrbio de Paris, que também procuravam informações sobre deportados judeus de sua cidade.

"Havia uma foto de uma criança sobre a qual não sabíamos nada: deixamos na exposição para mostrar que isso também é memória e que, infelizmente, ela pode desaparecer", explica o professor Paul, que prefere permanecer anônimo.

"Ensinar o Holocausto como parte da História tem, necessariamente, menos impacto do que realizar um projeto como esse", constata ele.

Para atingir os jovens da geração digital, a cineasta Sophie Nahum tomou uma decisão radical com sua série de vídeos "Les Derniers" ("Os Últimos"), em que registra os testemunhos dos últimos sobreviventes do Holocausto: vídeos curtos (de 8 a 10 minutos) e divulgação nas redes sociais, pois "é lá que estão os jovens."

"Os jovens leem pouco ou nada a imprensa, assistem muito pouco à televisão. Os longos documentários históricos nos grandes canais, eles não assistem", diz ela. Por outro lado, "um episódio de 10 minutos ou um trecho de 2 minutos no TikTok, eles assistirão, verão vários seguidos e aprenderão algo."

- "Difícil" -

Ao final de suas vidas, o grande temor dos sobreviventes é ver sua história esquecida após sua morte. Transmitir essa memória já não é fácil.

Em 2023, 140.275 alunos participaram de atividades organizadas na França pelo Memorial do Holocausto, que leva cerca de 2 mil estudantes por ano a Auschwitz.

Mas no campo Alexandre Borycki faz uma constatação direta: "O mais difícil é encontrar escolas interessadas. Algumas, infelizmente, nos dizem: 'Sabe, é muito difícil falar sobre isso.'' E isso "ainda mais desde 7 de outubro."

Raramente, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o antissemitismo foi tão elevado no mundo e na França, particularmente desde o ataque sem precedentes de 7 de outubro de 2023, no território israelense pelo movimento islamista Hamas, que desencadeou a guerra em Gaza.

Embora a cineasta Sophie Nahum acredite no potencial do TikTok para transmitir essas histórias, afirmando que "é realmente lá que estão os jovens e onde se alcançam os maiores números", ela também reconhece os perigos. "É claramente a rede mais violenta, e gerenciar isso é muito complicado."

O 7 de outubro "mudou muitas coisas que já estavam ali e latentes, mas isso fez a tampa explodir" de um antissemitismo "virulento", diz ela. "Hoje, não há mais nenhum tabu, nem mesmo em relação ao Holocausto; pode-se desejar a morte de um sobrevivente sem qualquer problema."

(G.Gruner--BBZ)